O PAPEL DO TERAPEUTA OCUPACIONAL NOS CUIDADOS PALIATIVOS
A partir do diagnóstico, pacientes em Cuidados Paliativos sofrem algum tipo de alteração na rotina ocupacional, seja por inclusão de medicamentos, rotina de visitas a serviços de saúde, licença do trabalho ou mesmo em fases mais avançadas quando há um aumento importante da dependência. Existe ainda um relevante impacto emocional, espiritual, social e funcional decorrentes do processo de adoecimento, implicando em expressivas mudanças pessoais e familiares.
Neste âmbito, o terapeuta ocupacional exerce um papel fundamental, contribuindo para a manutenção da identidade ocupacional e redefinição dos papéis ocupacionais, respeitando objetivos, desejos e necessidades do paciente e prestando um cuidado individualizado e com qualidade até o fim da vida.
Historicamente, a Terapia Ocupacional se constituiu como a profissão que se dedica ao estudo da ocupação humana, visando habilitar pessoas para realizar as ocupações que estimulam sua saúde e bem-estar. De acordo com a AOTA (2014), o profissional “faz uso terapêutico das atividades cotidianas (ocupações) em indivíduos ou grupos com a finalidade de melhorar ou possibilitar a participação em diferentes papéis, hábitos, rotinas e rituais na casa, escola, local de trabalho, comunidade dentre outros locais”.
Adotando a prática baseada na ocupação e centrada no cliente, os planos de intervenção levam em consideração seu conhecimento acerca da inter-relação entre a pessoa, o seu envolvimento em ocupações significativas e o contexto, e buscam traduzir em melhora de fatores do paciente e habilidades de desempenho necessárias para uma participação bem sucedida.
Na perspectiva dos Cuidados Paliativos, a abordagem considera a atual situação clínica, funcional e psicossocial do paciente, prognóstico e expectativas e possibilita desenvolver um plano de tratamento individualizado, realista e que faça sentido para a vida do paciente e seus familiares. Contribui para o enfrentamento das limitações e perdas funcionais, cognitivas, sociais e emocionais decorrentes do adoecimento e direciona sua atuação para assegurar um maior nível de autonomia, independência, qualidade de vida, conforto e dignidade, o que está estreitamente relacionado ao objetivo dos Cuidados Paliativos.
A intervenção pode ser realizada individualmente ou em grupo, nos distintos pontos de assistência da rede de atenção à saúde. Incorpora abordagem funcional, adaptação do ambiente, reestruturação da rotina ocupacional, controle de sintomas e suporte e orientações aos familiares e cuidadores, elaborando possibilidades de manutenção das ocupações que dão sentido e significado à vida de quem é acompanhado, independente da fase da doença.
Diante do contexto de limitações, muitas vezes imposto pela enfermidade, a atuação do terapeuta ocupacional se torna essencial na busca pela manutenção de um sentido para a vida do paciente, minimizando o impacto da doença também sobre os familiares e cuidadores e possibilitando uma vida ativa e com qualidade até seu momento final.